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reportagem
A IEEE Women in Engineering (WIE) é a maior organização profissional internacional dedicada a promover mulheres engenheiras e cientistas. A sua missão e visão é inspirar, cativar e encorajar as mulheres IEEE pelo mundo, no entanto informar e divulgar oportunidades é o grande desafio. A delegação em Portugal nasceu graças a investigadoras da UMinho e celebra o seu segundo aniversário em junho com um seminário.

07-03-2012 | Texto e fotos: Pedro Costa

A WIE, enquanto organização internacional, prevê criar uma “vibrante comunidade de mulheres e homens inovando o mundo de amanhã”. Desde 2010 que tem um grupo de afinidade em Portugal, criado a partir de um conjunto de engenheiras da Universidade do Minho. Entre os objetivos fundamentais da IEEE Women in Engeenering estão o de reconhecer as realizações notáveis das mulheres através de nomeações IEEE Awards; organizar eventos nas principais conferências técnicas para aumentar as redes de contactos e para promover membros para a WIE; educar mulheres para papéis de liderança e no avanço da carreira nas suas profissões; facilitar o desenvolvimento de programas e atividades que promovam a entrada e a retenção de mulheres nos programas de engenharia.

No entanto, não é correto pensar-se que a WIE é um mero movimento de promoção do género feminino, pois, segundo Filomena Soares, presidente do representação portuguesa e professora do Departamento da Eletrónica Industrial da UMinho, “há uns 40 anos talvez se justificasse pela distinção evidente que existia entre géneros, mas hoje não, pois as oportunidades existem e cabe à mulher aceitar e agarrar os desafios”. Acrescenta que “o papel da WIE em Portugal é mais o de desmistificar a engenharia, discuti-la e tornar claras estas oportunidades”. No que diz respeito às barreiras e estereótipos, as responsáveis do grupo acreditam que o cenário não é particularmente difícil para as mulheres, “pois embora ainda exista uma ou outra dificuldade, há outras áreas mais problemáticas do que a engenharia”.


Celina Pinto Leão e Filomenda Soares são duas das fundadoras do único grupo de afinidade em Portugal.

Compreender os desafios, ambições e preconceitos

Por iniciativa de uma aluna da UMinho que já pertencia ao IEEE, a 15 de março de 2010 foi assinado por Filomena Soares, Celina Pinto Leão (professoras), Sandra Costa (investigadora) e Inês Martins (aluna) o formulário para a criação do grupo de afinidade WIE Portugal. No dia 6 de junho desse ano, o grupo recebeu a carta de aprovação da criação do grupo de afinidade, único em Portugal. A partir desse momento, a IEEE Women in Engineering (WIE) passava a ter 293 grupos de afinidade e mais de 10.000 membros em todo o mundo.

Confirmando a transversalidade do trabalho, que segundo a presidente “ultrapassa a temática da mulher”, a organização fez um balanço deste cerca de ano e meio de atividades. As primeiras iniciativas no país tiveram como propósito conhecer as diferentes perspetivas sobre a existência de paridade de oportunidades de carreira e sucesso profissional na Engenharia. Na newsletter da organização podem ler-se as conclusões: “A Engenharia é uma área de conhecimento interdisciplinar, sendo de grande relevância compreender os desafios, ambições e preconceitos que uma engenheira poderá ter de enfrentar”.

A WIE-Portugal teve neste período a preocupação de se associar ativamente a várias iniciativas nos mais variados âmbitos, desde jornadas e encontros de divulgação científica e workshops organizados pelos Student Branches do IEEE. Uma das mais recentes parcerias resultou na realização da série “Cafés numa Hora”, mesas redondas para a troca de ideias sobre diversos temas, com conversas informais acerca das engenharias. Outro grande desafio foi a organização da sessão “Género e Identidade Profissional em Engenharia”, que decorreu em Maputo, Moçambique, de 29 de agosto a 2 de setembro de 2011. Este conjunto de atividades tem também permitido criar uma rede de contactos entre a comunidade académica, engenheiros com experiência industrial e a cidade de Guimarães.


As engenharias mecânica e civil ainda têm mais homens, mas a biológica e a química têm mais mulheres a exercê-la.

Celina Pinto Leão realizou um estudo que aponta exatamente para “a importância da informação e divulgação das áreas que são proporcionadas pela engenharia, pois comprova-se que a engenharia não tem sexo”. Foi também verificada a tendência dentro das próprias engenharias, revelando que “as engenharias mecânica e civil, embora estejam a mudar, ainda têm mais homens, mas, por exemplo, as engenharias biológica e química têm mais mulheres a exercê-la”, acreditando-se que as tendências estão a mudar e as diferenças a esbater-se dentro as próprias engenharias. No estudo que incidiu nomeadamente em alunos do 9º ano, mesmo que se admita o limite da amostra, Celina Pinto Leão considera que “há ainda uma ligeira tendência para ver as engenharias de forma mais masculina, embora tenha também a ver com questões educacionais”. A responsável assegura que os jovens deverão ser o público-alvo do trabalho e das iniciativas da WIE, no sentido de preparar as próximas gerações.

Olhando para um futuro imediato, Filomena Soares reconhece a limitação de tempo disponível do núcleo de responsáveis, que tem impedido o grupo de crescer: “É um grupo nacional, por isso temos vindo a desenvolver contactos com outras universidades, sendo nosso objetivo alargar as iniciativas”. As conversas e tertúlias têm sido, segundo as responsáveis, um bom ponto de encontro que permite ligar mais pessoas à organização. O segundo aniversário da entidade vai ser assinalado no próximo dia 6 de junho, com a realização de um seminário sob o tema “Tecnologias e Perturbações do Espectro do Autismo”, no polo de Azurém, em Guimarães, e que visa demonstrar o cruzamento das engenharias com as questões sociais e as outras ciências. A iniciativa tem como destinatários profissionais, estudantes e também a sociedade civil, nomeadamente pais com filhos com este tipo de perturbações. Vai contar com vários painéis de oradores, para trazerem novas perspetivas de abordagem e estudos mais recentes destas problemáticas.

© 2012, GCII – Universidade do Minho

In http://www.uminho.pt/Newsletters/HTMLExt/32/website/conteudo_605.html

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