AS MULHERES NA ENGENHARIA
A nossa equipa organizou uma sessão pública sobre o tema “As Mulheres na Engenharia”. Nós sabemos que no mundo, de uma forma geral, a engenharia é uma profissão principalmente masculina e quisemos provocar a reflexão e a discussão desse tema.
Para esse efeito, convidámos a Engenheira Sandra Costa, que se tem destacado por tratar deste tema na qualidade de líder da secção portuguesa Women in Engineering do IEEE. Trata-se da maior organização profissional internacional dedicada a promover mulheres engenheiras e cientistas.
A sessão decorreu na nossa escola no dia 17 de Março de 2014 e foi bastante concorrida, pois mais de 60 interessados no tema compareceram ao nosso apelo, na sua maioria alunos do 11. ano da nossa escola.
O público mostrou-se bastante cativado, atento à apresentação realizada pela oradora. Em seguida, estivemos a ler uma entrevista escrita que realizámos a uma estudante finalista de Engenharia, chinesa, que estuda numa universidade holandesa. A entrevista continha vários aspetos polémicos, pelo que serviu bem para a fase final, de perguntas, respostas e discussão.
ENTREVISTÁMOS UMA FINALISTA E UMA ENGENHEIRA
ENTREVISTA A UMA FINALISTA DE CURSO DE ENGENHARIA
Nome Shuning Li
Nacionalidade: chinesa
Vive em: Eindhoven, Países Baixos
Países em que estudou: China e Países Baixos
Curso que frequenta: Engenharia Mecânica, Eindhoven, Países Baixos
1. Qual é a sua área técnica e qual é a sua função profissional atual?
Sou estudante finalista de Engenharia Mecânica e estagiária numa empresa global, encontrando-me a realizar um projeto na área de Engenharia de Custos. Tenho experiência profissional anterior na área de compras no sector eletrónico.
2. Durante os seus estudos de Engenharia, qual o rácio número de mulheres / número de homens?
Sou a única mulher entre 30 outros estudantes.
3. Que idade tinha quando descobriu que queria ser uma engenheira? Porque decidiu isso?
Antes de mais, eu não sou uma engenheira, mas sim uma estudante de Engenharia Mecânica. Isto não significa que eu queira exercer Engenharia. Eu decidi aderir a estes estudos porque sou licenciada em negócios internacionais e vejo uma grande oportunidade em combinar esta formação com outra de caráter técnico. Ser chinesa proporciona uma vantagem extra. Tomei esta decisão há 4 anos. Mas não é minha intenção ser Engenheira, apenas pretendo combinar o conhecimento.
4. Porque acha que existem muito mais engenheiros do que engenheiras?
Acho que há diferentes razões. Primeiro, os homens e as mulheres têm diferentes interesses. Isto é fácil de perceber olhando à infância. Os rapazes entusiasmam-se mais com brinquedos como automóveis, enquanto as raparigas se sentem atraídas por bonecas ou objetos coloridos. Acho que há diferenças naturais que levam a que haja mais engenheiros do que engenheiras. Em segundo lugar, as mulheres são melhores a organizar e em tarefas criativas e simultâneas. Elas podem considerar a Engenharia como um emprego aborrecido. A Matemática é também uma razão pela qual as raparigas não escolhem Engenharia. Todos os estudos técnicos exigem um grande aprofundamento de Matemática. Creio que as raparigas que são boas a Matemática têm mais hipóteses de escolher Engenharia do que as restantes. Além disso, a Engenharia não é um emprego bem pago. As raparigas podem pensar nisso quando fazem a sua decisão, mas os rapazes querem sobretudo destacar-se no seu campo. Acho que a Engenharia parece mais fácil aos olhos dos homens, da mesma forma que tratar de um bebé ou da casa é mais fácil para as mulheres do que para os homens. De novo, há diferenças naturais, de resto em média o Q.I. dos homens é superior ao das mulheres. Apesar de haver vários tipos de mulheres, nunca vi uma engenheira que fosse verdadeiramente feminina.
5. No seu trajeto em direção à Engenharia e também profissionalmente, alguma vez sentiu uma limitação em comparação com os engenheiros homens?
Sim, eu tenho falta de visão imediata de coisas práticas em comparação com eles. Por exemplo, eles têm muita familiaridade com operações como fresar, tornear, etc.
6. Acha que foi ou é tratada de modo diferente no meio profissional por ser uma mulher?
Não, de modo algum. E gosto de ser a única mulher.
7. Acha que mais mulheres deviam assumir posições de liderança nas empresas? Porque não acontece isso mais frequentemente?
Para mim, o homem é mais convincente e racional. As mulheres tendem a comportar-se emocionalmente. Não interessa se é um homem ou uma mulher a assumir uma posição de liderança, desde que seja no seu próprio interesse e faça um bom trabalho. A maior parte das mulheres decidem trabalhar a tempo parcial depois de terem filhos. Não é muito conveniente se um(a) líder trabalha a tempo parcial.
8. Acha que mais mulheres deviam dedicar-se à Engenharia? Porquê?
Não creio que “deviam” seja um bom termo. As pessoas devem decidir o que querem fazer e porque haveríamos de querer mulheres a trabalhar em Engenharia, se os homens são muito melhores? Que fariam os homens se todas as mulheres tomassem as suas funções? Não estou a dizer que as mulheres não possam realizar esse trabalho ou que são menos boas. É apenas um exemplo. Cada pessoa é diferente. Acho que as pessoas deviam desenvolver-se mais naquilo em que são boas e em que estejam interessadas.
9. Que tipo de iniciativas para esclarecimento e consciencialização acha que poderiam resultar de modo a aumentar o interesse das raparigas pela engenharia?
Os interesses têm de desenvolver-se cedo na vida, por isso mais atividades técnicas nas escolas básicas e secundárias podem ajudar as raparigas a decidir melhor se querem ser engenheiras mais tarde.
10. Que conselho daria às raparigas que querem vir a ser engenheiras?
Que acreditem em si próprias! Construam boas bases em Matemática e aprendam coisas práticas sempre que tenham oportunidade.
In http://www.rf-hertz.pt/mulheres.html